Monday, April 17, 2006

Melro da minha Rua



Um melro chegou hoje à minha rua
Uma nota laranja a sair-lhe do bico
Sem cerimónias ou qualquer arrebito
Apesar do fato cor-de-noite-sem-lua.


E foi pousar no alto e velho choupo,
Quase a chegar ao céu de tanta idade,
A sua vibrante e fresca melodia
Feita de ardentes assobios e trinados.



Por ali se deixou ficar um pouco
Numa canção que não era de luto nem saudade,
Perscrutando o Sol e o verde-tenro deste dia,
Alheio às gentes e aos ruídos loucos da cidade.




Depois foi voando de árvore em árvore
Alegrando as tílias, as relvas, o plátano
Estremeceu com o riso d'água das crianças
Que corriam atrás dele ao pé do lago.



E aquela contagiante sinfonia
Nascida poema cor-de-noite-escura
Foi espalhando generosamente o amor
Neste jardim que é a minha rua...

6 comments:

Su said...

gostei de ler.te
jocas maradas

Pedro Melo said...

Este post estão tao belo... ate me lembrei das maravilhosas melodias que o melro que por vezes passa pelo meu quintal me "oferece".

Lindo!

Jorge Moreira said...

Que lindo!
Também tenho a felicidade de ouvir o cantar maravilhoso dos melros.
Beijinhos Amiga,

fotArte said...

E um consolo ouvi-los. Temos ca muitos na Holanda. A natureza da-nos coisas maravilhosas. Muita paz e alegria.

Obrigada, pelas lindas palavras que deixa nos meus comentarios. Adorei.
Um beijimho

Isabel José António said...

Querida Amiga!

Sou a Isabel e fiquei maravilhada com este poema e as fotos magníficas dedicadas ao Melro!
Se realmente a sua rua é esse jardim maravilhoso, parabéns, mas parabéns também para si, pois é necessário ter já uma sensibilidade desenvolvida para reparar na BELEZA daquilo que É, e que, na meior parte dos casos, passa despercebido à maioria das pessoas, que nem sequer "vêem".

Um grande abraço,

Isabel

Berenice said...

Querida Isabel,
Muito obrigada pelas suas reconfortantes palavras! O poema é muito simples, mas saiu quase sem eu querer, num dia em que olhava encantada pela janela. E só por isso resolvi escrevê-lo e editá-lo aqui. É que adoro mesmo a minha rua; ela alimenta-me os olhares com o seu verde e com estes pedacinhos de escura ternura, entre outros.
Muitos beijinhos.