Saturday, September 08, 2007

Horizontes II

«[...]

Embalados no próprio movimento,

Como se andar calasse algum tormento,

O seu olhar fixou-se para sempre

Na aparição sem fim dos horizontes.

[...]

[...]

Nenhum jardim, nenhum olhar os prende.

Intactos nas paisagens onde chegam

Só encontram o longe que se afasta,

O apelo do silêncio que os arrasta,

As aves estrangeiras que os trespassam,

E o seu corpo é só um nó de frio

Em busca de mais mar e mais vazio.»

*

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Fontes: do texto: Sophia de Melllo Breyner Andresen, "Homens à beira-mar", in Antologia, Moraes Eds., Lisboa, 1975; da imagem: Eridanus; da composição: Berenice.