Sunday, September 28, 2008

Horizontes V

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Sentimentos, de vaga em vaga, às praias de Deus.

Coração pulsátil, inquieto, anelante,

lançarias tu, oh!, tal diástole, de tão branca espuma,

se não fora o rochedo, antigo e silencioso,
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onde fios de sangue desenham, cá no fundo,

sofrida, tão púrpura sístole?


Ai!, esta bondade que se dá!,

esta verdade que se expõe!,

este bem que se deseja!...


A beleza do meu Amor cobre e integra o mundo inteiro,

aspirando-me, rumo a Si.

Ela esplende, e encanta-me,

e eu consinto, e expiro,

e deixo ao vento o murmúrio deste sofrimento.




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Fontes de inspiração: Friedrich Hölderlin, Hipérion ou o Eremita da Grécia, Assírio e Alvim, Lisboa, 1997; Josef Piper, Que é Filosofar?, Edições Loyola, São Paulo, 2007; Paul Gilbert, A Paciência de Ser - Metafísica, Edições Loyola, São Paulo, 2005.



Saturday, May 03, 2008

Horizontes IV

...
Quisera consumir-te, beleza,
com palavras e com gestos,
anelante,
mas, soubesse eu do silêncio
em que me volveras,
chamejante,
tu é que me consumaras.



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Fontes: inspirando as palavras de Eridanus, J.-L. Chrétien, L'arche de la parole, PUF, Paris, 1999; imagem de autor desconhecido (Mac(?)) URL=<http://farm1.static.flickr.com/122/305315496_3fac40c413.jpg?v=0>
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Friday, November 23, 2007

Horizontes III

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... jornada após jornada,
Eridanus medita disciplinado na injunção que lhe é dirigida,
de que seja um vivente.
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Comovido assim, pelo
Amor que move o Sol e os outros astros,
ele assume a tarefa prescrita como auto-revelação
em si mesmo
da Vida que o comanda a esse amor,
da Vida que nisso se lhe doa e o gera.


Eridanus descobre-se, nisto,
a si mesmo como dívida para com os entes que lhe são queridos;
uma dívida urgente e cuja demora de ressarcimento o diminui a ele próprio,
não só aos seus olhos reais,
mas também aos olhos possíveis de Deus.

... ah,

- Isto pode não ser assim, mas penso que é meu dever crê-lo.


... porque o puro impulso moral está orientado para a incondicionalidade; para ele o tempo não existe, e o futuro torna-se para ele em presente, logo que tenha de desenvolver-se necessariamente a partir do presente. Perante uma razão que não conhece limites, a orientação equivale à consumação, e o caminho terá sido percorrido mal tenha sido iniciado.



Envolto na bruma do seu próprio mistério, Eridanus flui

... até que, diante de si,
evanescem os horizontes do mundo;
próximos, oh!, tão próximos que se não deixam agarrar,
eis que se erguem horizontes de vida eterna!


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Fontes:
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Do texto: Michel Henry, «Éthique et Religion dans une Phénoménologie de la Vie», in Phénoménologie de la Vie, Tome IV, Sur l'Éthique et la Religion, PUF, 2004; Dante Alighieri, A Divina Comédia; Teresa Rita Lopes, Pessoa por Conhecer, Estampa, 1990; José Ribeiro Dias, A Educação do Ser Humano, Didáctica Ed., 2001; Friedrich Schiller, Sobre a Educação Estética do Ser Humano numa Série de Cartas, INCM, 1994.
Das imagens: Randall M. Hasson, Exhortation (If not me, whom? If not now, when?); in Australian Ejournal of Theology... longing for eternal life; Gian Lorenzo Bernini (execução de Antonio Raggi)... interior da igreja de S. André no Quirinal; Mutsumi Ishibashi... floresta de Kumano, Japão; Monte Leconte (?).

Friday, October 05, 2007

itinerarium eridani

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... tal como de blog em fantasia, assim de ambientes afectivos em mundos virtuais, Eridanus passeia com a sua amiga Gi pela floresta dos baobas de Madagáscar, ali, onde os sonhos tecem sombras com agulhas de luz:



Ah!, e «Se um homem atravessasse o Paraíso em um sonho e lhe dessem uma flor como prova de que havia estado ali, e se ao despertar encontrasse essa flor em sua mão... ... então o quê ?»
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Fontes: do texto: a conjectura existencial de eridanus e «A Prova», de S.T. Coleridge, in Livro dos Sonhos, de Jorge Luís Borges; da imagem: Yasunobu Kobayashi, Avenida dos Baobas de Madagáscar.

Saturday, September 08, 2007

Horizontes II

«[...]

Embalados no próprio movimento,

Como se andar calasse algum tormento,

O seu olhar fixou-se para sempre

Na aparição sem fim dos horizontes.

[...]

[...]

Nenhum jardim, nenhum olhar os prende.

Intactos nas paisagens onde chegam

Só encontram o longe que se afasta,

O apelo do silêncio que os arrasta,

As aves estrangeiras que os trespassam,

E o seu corpo é só um nó de frio

Em busca de mais mar e mais vazio.»

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Fontes: do texto: Sophia de Melllo Breyner Andresen, "Homens à beira-mar", in Antologia, Moraes Eds., Lisboa, 1975; da imagem: Eridanus; da composição: Berenice.

Thursday, August 30, 2007

horizonte

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... de «todas as mutáveis coisas do mundo»


... assombrado pela luz deste,
Eridanus quisera ser como aquelas,
«mais realista»,
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sem nisso cuidar de como em tal penumbra
a sua própria verdadeira grandeza se extinguia,
evanescente,
floresta adentro,
noite escura.
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Fontes: do texto: Joseph Ratzinger, Olhar para Cristo, Tenacitas, 2006; da imagem: Yasunobu Kobayashi, floresta de Waipoua (www.forests-forever.com)

Saturday, July 21, 2007

mysterium eridani V




... inquieto,
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anelante,
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Eridanus ergueu-se,

fugaz,
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acima da tragédia,
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de quantos?,
..
mundos emergentes
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cometidos...






... ele se ergueu,





devorado, .


num,


por uma certa
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vida,










absorvido,


noutro,


por outra morte,


..
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Eridanus perpetra o abismo da sua própria alma
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e nele se adensa, já perdido e trabalhado,

até ao fundo dos céus,



clamando por outro abismo,

diante deste silêncio,

qual murmúrio das ondas, abrindo as praias de Deus,
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ali,.

aonde o sangue corre pelos veios das rochas,
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como rio agrilhoado

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Fontes: das palavras: a conjectura existencial de Eridanus; Peter Stilwell (1992), A condição humana em Ruy Cinatti - Uma aventura poética e religiosa, DIDASKALIA, XXII, 19-170; Ruy Cinatti (1941), Obra poética, 56; Luís de Camões, Os Lusíadas I, 28; das imagens: Yves Tanguy, The absent lady, ?, Phare - Tempete; Ivan K. Ayvazovski, Chaos (creation of the world); ? Mar Aral; ? Antelope Canyon.