Nas asas de uma nuvem
a galope
Corro pelo tempo fora
qual Atena
Sem rédeas nem freio,
só com esporas
Sobrevoando miragens
de verbena
Não quero demorar-me
na subida
Pois metade do meu tempo
já passou
Deixo p'ra trás
todas as fantasias
Que pelas asas de um sonho
é que eu vou
E eis que me detenho
na fonte d'Hipocrene
Dessedentando minh' alma
sequiosa
Que neste finito pedaço
de infinito
A viagem é curta
mas penosa
E entre as asas da vida
a toda a brida
Fustigando as horas
cavalgo estrada fora
O meu relógio
só tem o ponteiro dos dias:
das alegrias de te ver
não vejo a hora
Entre as asas do tempo,
peregrina,
Cortando a distância,
vejo o Futuro à porta
Faço voar o sonho e a alma,
enfim, a vida
Erro meu! nem o Presente
já m' importa!
No meu cavalo alado
vou montada
Galgando o infinito rumo a ti
Que um sonho
fez-se minha estrada
E o meu destino - ou desatino
És tu, minh' Alma Gémea,
meu Espírito, Querubim!