Saturday, February 18, 2006

... assim, cometidos que foram aqueles abismos

... cedo se configuraram de novo as mesmas luzes escuras de sempre, derramando-se agora sobre outros caminhos:
... mas esta minha ânsia de novos céus e de uma nova terra não mos torna, nem mais fáceis, nem mais compreensíveis.
Terá o veredicto antigo, da "assembleia de todos os divinos do [conhecimento e do concílio de todos os espíritos] de Deus", de permanecer indecifrado? Como nestes seus fragmentos do Mar Morto:
«[...] E o conhecimento do santo [dos santos ...] [...] a guerra dos deuses no perio[do] [...] porque do Deus dos divinos são as armas de guerra [...] os deuses correm às suas posições, e um som poderoso [...] [...] os deuses na guerra dos céus. E sucederá [...] [...] novas obras maravilhosas. Tudo isto o fez maravilhosamente [com as coisas escondidas para sempre, e não] [... todas as palavras de conhecimento;] porque do Deus do conhecimento provém tudo [o que existe para sempre. E por seu conhecimento] [e por suas decisões existe todo o predestinado para sempre.] Ele faz as coisas primeiras [em suas épocas, e as últimas] [em seus periodos pré-fixados. E ninguém entre os que têm conhecimento] pode compreender [suas revelações maravilhosas] antes que ele [as faça. E quando ele age, os que praticam a justiça não podem compreender] [seus propósitos. Porque são parte de suas obras gloriosas,] antes que [existam, são parte de seu plano.]»
... ou verei eu um dia que todos estes caminhos que singrei se gravaram como sulcos, quais rugas do meu próprio rosto?... comprendendo, enfim, aquilo «que é necessário no universo, o que é necessário em cada acontecer como sendo o que é necessário à [minha] própria alma»?
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Fontes: Textos de Qumran, 4QCânticos do Sacrifício Sabático (4Q402 [4QShirshab]), Frag. 4 (completado com o exemplar Shirshab encontrado nas escavações de Massada); Hermann Broch, A Morte de Virgílio, Relógio D'Água, 1987.

Saturday, February 11, 2006

Calada uma noite escura

...desfez-se o labirinto, esfumaram-se as núvens, então negras, agora transparentes à luz de uma lua vagabunda, rasgando-me horizontes para uma outra e nova vida:


... mas o oceano tranquilo que a prometia cedo se volveu e revolveu, e então foi, que aquela

«[...] aura suave à qual o leme e a vela
passei entrando na amorosa vida
e esperando vir a melhor porto,
me conduziu a mais de mil escolhos [...]»




«[...] Saia eu vivo de assim dúbios escolhos
e chegue meu exílio a belo fim,
que eu anseio por pôr na volta a vela
e âncora lançar em qualquer porto!
Senão que eu ardo como aceso lenho,
tão duro me é deixar a usada vida.

Senhor que és do meu fim e desta vida,
antes que eu parta o lenho nos escolhos,
leva a bom porto a já exausta vela.»


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Fontes: Petrarca, F., As Rimas de Petrarca, V. Graça Moura, trad., Bertrand Ed., Chiado, 2003. Doré, G., Gravura (2ª gravura). www.gutenberg.org (1ª gravura).