Thursday, July 27, 2006

quem como tu


«A Vida passa por nós. Ou nós passamos pela Vida
Seja como for,
não caias no erro fatal de te tornares outra além de ti mesma!


«Que vaudrait la douceur
si elle n'était capable,
tendre et ineffable,
de nous faire peur?

Elle surpasse tellement
toute la violence
que, lorsqu'elle s'élance,
nul ne se défend



«Vivamos pois, ó tu com quem eu sofro, tu com quem
Íntima - e crente - e fielmente luto por tempo mais belo

(é o que me deves... é o que te deves... eu como tu)



«Bring me my bow of burning gold!
Bring me my arrows of desire!»

*
Fontes: J. Ribeiro Dias, A Realização do Ser Humano; R.M. Rilke, «Primavera»; Hölderlin, «Deuses Andaram Outrora»; W. Blake, «Jerusalem».

Tuesday, July 18, 2006

desencontro


« Será verdadeiramente necessário que tantos riscos
envolvam os nossos [sonhos] mais obscuros?
Perturbar-se-ia a terra
se o mundo fosse um lugar menos inseguro? »
.

« Acorda acorda

Serás a minha companheira

borboleta que dormes »

*
Fontes: Rainer Maria Rilke, Frutos e Apontamentos; Matsuo Bashô, O Gosto Solitário do Orvalho.

Friday, July 14, 2006

queimadura

.
«Que luz terá o condão de nos restituir o mundo?
Ou é, antes, a nova sombra, suave e assustada,
que a ele, mais uma vez nos une?»
.
Que amizade?, que amor?
Ou é antes este fogo,
que entre nós, a nós nos une?
.
.
«Pois se nós formos puros de coração,
Como crianças, e as nossas mãos sem culpa, [...]»
*
***
Fontes: R.M. Rilke, "Frutos e apontamentos", Hölderlin, "Poemas".

Friday, July 07, 2006

ternura


«Olha! As montanhas beijam o firmamento,
A onda, a onda enlaça;
Nenhuma flor-irmã tem valimento
Se o irmão não abraça;
.

A luz do Sol envolve a terra à roda,
Raios do luar beijam os mares:


- Mas toda esta ternura que me importa
Se tu não me beijares? »

.

Fontes: Percy Bisshe Shelley, «Love's Philosophy»; «Moon Magic», by Lindy.

Monday, July 03, 2006

idades do homem

.
"... disseste sorrindo: Je suis très fatigué. J'ai quatre mille ans.
.

[... mas] isto aconteceu na Terra,
inútil é imaginar a idade que terás no céu.
Não sei se ainda és alguém. Não sei se me estás a ouvir."
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Fontes: antelope canyon (imagem); Jorge Luís Borges, «Elegia», in Os Conjurados.